Este é um tópico que, historicamente, é fonte de muitas dúvidas. Talvez pelo fato de não ser um assunto simples. O conhecimento sobre redistribuição de rotas é cobrado apenas nos exames de nível mais elevado (CCNP BSCI e CCIE), mas nem por isso deve ser totalmente relevado pelos que estão inciando, ou estudando para exames de nível inferior. O conhecimento do assunto é de extrema importância para aqueles que almejam trabalhar com engenharia de redes.
O objetivo deste primeiro post não é cobrir todas as nuances do assunto, mas falar um pouco do básico, para que vocês conheçam, pelo menos, do que se trata e para que serve 😉 .
Em um mundo perfeito, teríamos apenas um protocolo de roteamento e não haveria a necessidade de nos preocuparmos com redistribuição. Entretanto, no mundo real, existem vários, e na vida de todo engenheiro de redes haverá um dia em que será necessário interconectar redes que rodam protocolos de roteamento distintos, como OSPF e RIP ou EIGRP e BGP.
A processo de redistribuir rotas aprendidas por um protocolo de roteamento em outro protocolo permite a integração de redes heterogêneas com relativa simplicidade. Uma vez mais, estamos falando de um mundo não-perfeito, ou seja, existem algumas “perdas” ocasionadas por este processo que podem (ou não) impactar o desempenho e a operação das redes envolvidas. Por este motivo, o processo deve ser realizado criteriozamente, e com muita cautela. Já vi muitos problemas ocorrerem em redes de grande porte ocasionados por redistribuições realizadas sem qualquer tipo de planejamento.
Podemos fazer uma analogia entre redistribuição e NAT. O NAT permite que um endereço IP seja traduzido para outro. Redistribuição permite que rotas aprendidas por um protocolo (ex: RIP) sejam traduzidas para outro (ex: IGRP). Antes de considerar a adoção de redistribuição, entretanto, existem alguns pontos à serem considerados: Apenas é possível redistribuir rotas aprendidas por protocolos de roteamento compatíveis. Por exemplo, não é possível redistribuir rotas IPX em uma rede IP. Outro ponto importante é planejar o processo cuidadosamente, já que loops de roteamento podem ocorrer quando redistribuições são mal feitas.
Protocolos diferentes, não raro, possuem métricas incompatíveis. RIP, por exemplo, utiliza unicamente a contagem de saltos (hops), enquanto EIGRP utiliza uma métrica composta, muito mais complexa. Quando utilizamos redistribuição, as métricas de um protocolo devem ser traduzidas para o outro. Alguns protocolos adotam métricas default no processo, o que pode gerar problemas.
Outro ponto importante a ser lembrado é que, se um roteador aprende uma determinada rota por diversas fontes distintas (ex: RIP, OSPF e estática), prevalecerá a rota aprendida com menor distância administrativa (AD).
Independentemente de quais protocolos estejam sendo redistribuídos, é sempre uma boa idéia seguir alguns passos no planejamento do processo:
- Identifique os roteadores de borda. Estes, normalmente, são os routers que serão configurados para redistribuição;
- Defina um protocolo de roteamento para ser o primário. Normalmente, este será OSPF ou EIGRP, já que são mais eficientes;
- Identifique qual o protocolo secundário. Se você estiver migrando redes, este será o protocolo que, no futuro, será desativado;
- Identifique com cuidado as exceções (rotas aprendidas por um protocolo que não devam ser injetadas no outro);
- Configure o script de redistribuição do protocolo secundário para o primário;
- Configure o script de redistribuição do protocolo primário para o secundário;
- Verifique se tudo está funcionando como planejado.
Seguindo estes passos, as chances de algo dar errado é minimizada.
No próximo post, vou me aprofundar um pouco no assunto, apresentando exemplos e algumas atividades que podem ser implementadas no Dynamips (não sei até que ponto o Packet Tracer suporta isso).
Até lá!
Um abs,
Marco Filippetti
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17 comentários
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Israel Carlos
março 3, 2009 às 4:45 pm (UTC -2) Link para este comentário
Opa,
Valeu Marco. Esse assunto é muito bom.
abs
Herbert
março 3, 2009 às 4:55 pm (UTC -2) Link para este comentário
Agora entendi.
Em quantas partes você pretende abordar o assunto? Só para ter uma estimativa da parte básica.
Marco Filippetti
março 3, 2009 às 4:59 pm (UTC -2) Link para este comentário
Em duas 😉 Esta e mais uma!
Herbert
março 3, 2009 às 5:04 pm (UTC -2) Link para este comentário
Legal!!
Vou indo pelas beiradas.
Alexander Willians
março 3, 2009 às 5:24 pm (UTC -2) Link para este comentário
Show Marco! Pega muito mesmo no BSCI este tópico.
Valeu!
[]’s
Tiago Frigério
março 3, 2009 às 5:37 pm (UTC -2) Link para este comentário
Boa tarde…
Otimo post!! pois estou começando os estudos para o CCNP. ja começa esclarecer duvidas antes de ter!! hehehe
Valew,
Abraços…
Eduardo R.
março 3, 2009 às 6:07 pm (UTC -2) Link para este comentário
Legal Marco..
Quem tiver interesse em ver um cenario legal sobre redistribuicao da uma lida em (em ingles):
http://blog.internetworkexpert.com/2008/02/09/understanding-redistribution-part-i/
Abracos
wagner
março 3, 2009 às 11:38 pm (UTC -2) Link para este comentário
Marco, OBRIGADO!
Caiu como uma luva, essa semana peguei para estudar redistribute…:D…
Show de bola, abraçao!
emilioma
março 4, 2009 às 12:06 am (UTC -2) Link para este comentário
Aprender nunca é demais, ainda mais na área que agente gosta e trabalha.
Abraço.
Rodrigo Falcão
março 4, 2009 às 8:05 am (UTC -2) Link para este comentário
Não é a toa que o BSCI é o bicho papão do CCNP, basta analisar o conteúdo do exame: multicast, ospf, redistribuição de rotas, bgp… UFA!!!!
Tem que estudar MESMO!!!
Abs!!
Carlos Almeida
março 4, 2009 às 9:51 am (UTC -2) Link para este comentário
Valeu Marco!!
Esse assunto, de fato, deixa muitas dúvidas no início!! Aprendi um pouco mais agora!!
fernand0
março 4, 2009 às 10:30 am (UTC -2) Link para este comentário
Ótimo post….aguardando a segunda parte e um lab para saber + sobre redistribuição
Luiz Gustavo
março 4, 2009 às 4:17 pm (UTC -2) Link para este comentário
Olá boa tarde!!
Otimo post, e como nosso amigo Fernando já disse..”Aguardando segunda parte e um lab”..
Abs!!!!
L.C.F.N
março 5, 2009 às 10:30 pm (UTC -2) Link para este comentário
O post foi bom por dar inicialmente uma idéia do que se trata e além disso as 7 dicas; agora é aguardar o segundo para se ter uma idéia de como funciona/implementa.
Fabricio Neves
março 6, 2009 às 3:51 pm (UTC -2) Link para este comentário
Valeu Marco, post bastante útil para o BSCI.
Obrigado!
Edson
agosto 11, 2012 às 5:07 pm (UTC -2) Link para este comentário
Muito bom, parecia algo bem mais complexo até assistir a aula do curso do CCNP 🙂
Deco
julho 11, 2014 às 12:39 pm (UTC -2) Link para este comentário
Obrigado Marco!
É um ótimo complemento para a aula de redistribuição do curso route ccnp.
Abs!