Mercado de Trabalho: Empregabilidade X Experiência

Escrevi este post em resposta ao e-mail do amigo Rodrigo Falcão, abaixo:

“Marco,

Fugindo totalmente do tópico, mas com não menos importância, acredito eu, eu gostaria de levantar uma questão. Na realidade, eu acredito ser algo que preocupe a todos que conseguem a certificação, mas não estão no mercado. Recentemente, eu consegui tirar minhha certicicação, CCNA, e tenho desde então corrido atrás de uma oportunidade de entrar no mercado, visto que não tenho nenhuma experiência com roteadores, a não ser a do curso que frequentei, e dos simuladores que usei para meus estudos. Mas tenho me deparado com uma coisa muito frustrante, a grande maioria, pra não dizer todas, requerem que além de ter a certificação, nós tenhamos experiência. Pois bem, é compreensível isso, mas é complicado a medida que se nenhuma porta se abre, como vamos adquirir experiência, e olha que eu estou falando inclusive a nível de estágio.

Eu posso dizer que isso me deixou um tanto frustrado, pois eu ralei pra caramba, tive que conciliar faculdade com a certificação, investi tempo e dinheiro para tirar a certificação e parece que isso já não é mais um diferencial. Eu estava planejando tirar a CCNP nesses próximos 2 anos, mas já não sei se vale a pena. Acredito que esse seja um problema que muitos estejam enfrentando, e o que eu gostaria é de uma orientção de pessoas experientes, como você, o Rodrigo, o Cássio e nossos amigos que frequentam o blog de como fazer para transpor esse muro colocado pelo mercado e conseguir uma oportunidade, nem que seja como estagiário.

Abraços!!”

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A questão levantada pelo Rodrigo é muito pertinente, e aposto que esta na cabeça de muitos de vocês, por isso resolvi dedicar um post para ela.

No mercado de tecnologia como um todo, sempre existiu a forte relação empregabilidade X experiência. Hoje, mais do que nunca, isso fica mais evidente, uma vez que as empresas – visando reduzir ao máximo seus custos e otimizar suas receitas – buscam no mercado profissionais já capacitados de alguma forma, que possam gerar receita para a empresa dentro do menor tempo possível. Assim sendo, as empresas buscam profissionais com uma certa bagagem, que minimize o investimento em preparo e treinamentos.

Bom, é neste ponto que você deve estar se perguntando: “Bom, e onde EU entro nisso? Eu não tenho experiência, mas se não me derem uma oportunidade, como eu vou adquiri-la?”. Este é o bom e velho ciclo vicioso: Para conseguir um emprego, precisa-se ter experiência. Porém, experiência se obtém tendo um emprego!

Como escapar deste ciclo? A verdade é que não é fácil, como vocês já devem ter notado. Para quem leu minha trajetória no post http://blog.ccna.com.br/?p=72, ou mesmo o breve post do Rodrigo, nosso colaborador em http://blog.ccna.com.br/?p=190, perceberá que o começo é mesmo árduo! E como!!!

No meu caso, dei uma guinada de auditoria contábil para redes investindo muito em estudo e no CCNA. Fez diferença? Claro que fez! Consegui o emprego de analista graças ao CCNA, posso dizer. E não pensem que os tempos eram outros… isso não faz tanto tempo (foi em 2001). Eu dei sorte. Consegui pular de uma área para outra sem ter que passar por um estágio. Mas isso aconteceu porque, na entrevista, eu fui capaz de me vender. De convencer a empresa que eu daria conta do recado.

Conseguir emprego é uma arte 😉 Se vocês pensarem bem, quando você está a procura de um novo emprego, diz-se que você está “no mercado”… ou seja, você é um produto que precisa ser vendido. E quem vende este produto tão especial que é o seu “eu” profissional? Oras… VOCÊ!!!

Portanto, aqui vão algumas dicas de marketing 😉 :

  • Elabore um currículo descente. Destaque seus principais atributos, porém, sem exalta-los muito. Os entrevistadores não gostam de pessoas convencidas. Tente montar um CV breve e direto ao ponto. Não “encha linguiça” em seu CV, não coloque coisas do tipo “Gosto de saltar de Bungee Jump”! Não sei quem inventou que este tipo de coisa valoriza o CV, mas já vi alguns com este tipo de comentário. Um CV deve ser profissional ao máximo, sem erros de português (claro!) e sem fatos ou linguajar de âmbito pessoal.
  • Seja humilde e tenha um objetivo bem definido. Nada de colocar como objetivo coisas do tipo “Trabalhar como estagiario/analista/supervisor/gerente”. Coloque exatamente o que você está procurando, e em que área!
  • Se você não tem experiência e também não tem formação acadêmica… você está encrencado, à não ser que você seja um verdadeiro “guru” (o que é quase impossível sem ter estudo ou experiência). Neste caso, eu recomendo que você tente fazer uma faculdade (pode ser um curso tecnológico, de 2 anos por exemplo) e, durante seus estudos, veja com a faculdade se existe a possibilidade de estagiar na área de TI deles, por exemplo.
  • Se você tem uma formação acadêmica mas não tem experiência, foque em sua formação e procure uma vaga que lhe dê a experiência necessária. Pode ser estagiário, trainee ou analista jr. Não tenham vergonha de começar por baixo pessoal!!! A vida é assim mesmo! Na empresa onde trabalho, o rapaz que estagiou por 1 ano e pouco foi efetivado assim que acabou a faculdade. Perguntem para ele se valeu a pena… é claro que sim!
  • Se você tem formação e, de quebra, uma certificação como o CCNA, você pode cair nas boas graças das grandes empresas. VENDA-SE!!! Destaque em seu CV as áreas que você mais domina e as que mais lhe despertam interesse. Se for necessário começar como estágiário em uma grande empresa, ACEITE O DESAFIO! Conheço MUITA gente que começou como estagiário e hoje está como Sênior ou mesmo Gerente em grandes empresas. O caminho É ESSE MESMO!
  • Agora… ONDE CONSEGUIR ESTÁGIO??? Eu tentaria na própria faculdade. A maioria delas oferecem vagas de estágio em seus laboratórios. Vale a pena! Lembrando que, por lei, para estagiar é necessário estar estudando. Não se esqueçam disso. Se você não estuda, tem que tentar uma vaga de Trainee ou de analista, por exemplo.
  • Para se colocar como estagiário, acessem o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola)! Meu primeiro estágio foi obtido por intermédio deles. São muito competentes. Site: www.ciee.org.br.
  • Já disse isso antes e repito com veêmencia: ESQUEÇAM OS COMENTÁRIOS ESPALHADOS NA WEB do tipo: “Eu tenho CCNA, não vou trabalhar por menos de R$4000!!!”. Isso é papo de quem não consegue se empregar e está de mal com a vida. Acreditem, se eu estivesse começando agora e aparecesse uma oportunidade de estágio em uma grande empresa na área de TI, eu agarraria esta oportunidade mesmo que não me pagassem NADA! Mas… esse sou eu! Nem todos pensam assim.
  • Novamente: INGLÊS!!!! EU GARANTO que se você fala inglês fluente e tem CCNA, você consegue um emprego.
  • Para finalizar… o CCNA ainda é valorizado pelo mercado? CLARO! E cada vez mais!! Quem já passou pela experiência do exame sabe o quanto ele é difícil. As empresas também sabem! E consideram, sim, o CCNA como um ponto eliminatório para alguns cargos.

Abs pessoal! E boa sorte!

Marco.

11 comentários

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  1. Excelente tópico, inclusive pra aproveitar o embalo gostaria de saber a opinião de Marco e de todos os outros que estiverem dispostos a me responder.

    Eu tirei o CCNA recentemente (2 de agosto), estou me formando sábado agora (dia 1 de dezembro): bacharel (4 anos) em ciências da computação e tenho inglês avançado (CAE de cambridge).

    Fiz 6 meses de Estágio remunerado na CODATA-PB (arrumado por político), e já no final do curso resolvi estagiar, mas os lugares que encontrei só me aceitaram de graça, e mesmo assim alegaram que não podiam fazer o contrato de estágio porque faltava menos de 6 meses para eu me formar. Mesmo assim, aceitei o estágio voluntário de 1 mês na assembléia, saí e entrei nesse mesmo esquema no TJ (onde estou há 2 meses de graça e sem contrato).

    Estou bastante desentusiasmado, até porque com o conhecimento que tenho de Linux e que adquiri no CCNA dei algumas contribuições no estágio ajudando os próprios funcionários que recebem $$ pra fazer o que eu fiz e além de não receber nada pra dar essas contribuições, sinto que no lugar de estar lá eu poderia estar estudando para o CCNP, que creio eu, vale muito mais.

    Porém a minha questão é:

    Vocês, no meu lugar, sairiam deste estágio (de graça e sem contrato) para se dedicar inteiramente a certificação CCNP? Ou permaneceriam e tentariam conciliar os dois?

    PS: Se coloquem no meu lugar e respondam A SUA OPINIÃO, como se vocês estivessem na mesma situação.

    Agradeço desde já,

    Rodrigo.

  2. Boa noite Rorigo,
    Veja bem, se vc se desligar do mercado de trabalho e se dedicar apenas ao CCNP, vc vai ficar um bom tempo até conseguí-lo, ou seja, mais tempo perdido para “tentar” passar no exame. Não estou desmerecendo vc nenhum pouco, pois nem lhe conheço. Mas é um risco que todos correm. E ainda sim, se ao final disso vc tirar a certificação, vc cairá no mesmo dilema – Certificado, mas sem experiência – o mercado rejeita! Infelizmente.
    Como vc já termina agora a facu, corre atras de um vaga remunerada mesmo, acredito não ser tão impossivel para uma pessoal graduada e certificada. Suas chances estão bem maiores agora que vc se forma.
    O NP vc leva depois com o trabalho garantido.
    Este é o meu ponto de vista.

    Boa Sorte,

    Bruno Arruda

  3. Essa questão de mercado de trabalho é complicado mas com o tempo a gente acaba percebendo algumas coisas.
    Hoje em dia muitas vagas são simplesmente impossíveis de se alcançar. Já vi vagas que pedem CCNA, experiência em switching e tal e pedem também experiência VB!!!, .NET!!!!, quer dizer as vezes falta foco para quem contrata também. O Marco bate muito na tecla do inglês, mas eu vejo algumas empresas pedindo “inglês avançado” e quando vamos analisar o pefil da empresa isso não é necessário, quer dizer, você não precisaria de “inglês avançado” para desenvolver o trabalho, não digo que inglês não é necesário, porque é, mas mais uma vez falta foco de quem contrata. Pensando assim fica difícil você pensar em conseguir um emprego sem alguma experiência. Mas uma coisa que poucas pessoas dão atenção é para o seu próprio marketing. O que o Marco falou é certo, se você convencer quem está contratando que você tem capacidade para trabalhar na empresa suas chances aumentam sim!!!
    No seu caso Rodrigo o problema é como você vai comprovar essa experiência onde você tá ?
    Eu acho que você deveria pensar assim:
    – Isto está de agregando alguma coisa para sua carreira ?
    – Você vê alguma maneira de crescimento aí dentro ?
    – Quais são seus objetivos na carreira ?

    Realmente até você engrenar no ciclo profissional você vai ter a impressão de estar patinando e nao saindo do mesmo lugar, mas todos tem essa impressão alguma vez na vida.

    Agora na minha opinião:
    No seu caso eu sairia e dedicaria ao CCNP (Se claro eu tivesse a possibilidade de parar e apenas estudar)
    Você ainda está se formando tem tempo para dar um UP a mais na sua carreira (Todos nós temos né 😉 ).
    E não esqueça de investir muito no seu marketing. Faça um currículo de primeira linha e use a melhor ferramenta de contatos que temos, a INTERNET, cadastre seu currículo nos sites de emprego (APINFO, INFOJOBS, etc) isso sempre trás bons contatos.

    Acho que é isso !!!

    Márcio

  4. Marcio, concordo com você no sentido em que o mercado procura, cada vez mais, profissionais generalistas, e não tanto especialistas. Ou seja, atualmente, uma pessoa com formação mais ampla tem mais chance de se colocar no mercado. Um especialista em Cisco, hoje, vale menos do que uma pessoa que conheça Cisco e Microsoft, ou Cisco e Unix, por exemplo.

    Mas as vagas estão lá! E ainda sem serem preenchidas. Ou seja, as vagas existem! E não são poucas. O que falta é gente que se encaixe no perfil que as empresas estão buscando. As empresas querem profissionais que saibam cada vez mais.

    Quanto ao Inglês, foi o que eu disse… se vc tem inglês fluente, vc consegue a vaga. Inglês técnico, hoje, praticamente não é diferencial. Tem que saber falar, ler e escrever fluentemente. Sempre vou bater nesta tecla pq é o que eu vejo na demanda de mercado. Mesmo não sendo necessário para a função, é eliminatório nas entrevistas. Assim sendo, tem que investir em inglês sim. Não vem ao caso se é falta de foco das empresas. O fato é que, sem inglês você não consegue o trabalho, e ponto!

    Um abs!

    Marco.

  5. Realmente você tem razão, as vagas estão aí.

    Quanto ao Inglês, condordo com você em gênero, número e grau. Apenas disse que nem todos as vagas você efetivamente utiliza, não que não é importante, isso com certeza é, nem tem como discutir isso.

  6. Rodrigo Farias – Eu acho que, se o estágio esta lhe dando experiência, seja em Linux, seja em Cisco, seja em qquer coisa, tente ficar e conciliar ambos (estudo para o CCNP e o estágio). Se o estágio não está lhe agregando nada, saia e estude para o CCNP.

    Procure manter uma espécie de diário sobre suas experiências durante o estágio. Isso vai lhe ajudar na hora de atualizar seu CV.

    Abs!

    Marco.

  7. Tempos atrás eu estava apavorado. 2 Anos no curso de Sistemas de informação e nenhuma experiência comprovada na área. Me ofereci para fazer um “estágio” voluntário no laboratório de redes do curso. Foi bem frustrante…aprendi pouco, enfim, me desmotivei, pois achei que não chegaria a lugar algum.

    Alguns meses depois, surgiu uma vaga para trabalhar no Núcleo de redes da própria universidade, e fui aprovado e senti que aquele “estágio” voluntário me deu ao menos um pouco de diferencial para a aprovação na seleção para a vaga remunerada.

    Hoje, 8 meses depois, com uma bagagem muito maior, consciente dos desafios, percebo também a importância do inglês. Pretendo em 2008, ultimo ano da faculdade, terminar minha formação avançada em inglês. Em 2008 também quero ser aprovado no exame CCNA.

    Galera…é passo a passo! O estagiário voluntário do almoxarifado, pode se tornar um estagiario remunerado, depois um funcionário, depois ele já tem experiencia e credenciais, onde irão se abrir novas portas.

  8. Marcos e amigos,

    Tudo que li nestes posts, refletem em parte o que sinto e o que acho. E o fato, é que o conhecimento que adquirimos seja na vida acadêmica, seja na vida profissional, através de nossas experiências, são fundamentais, e que alguns pontos em comum, como o inglês por exemplo, deixaram de ser um diferencial para ser uma exigência do mercado.

    Então o que eu concluo, é que além da formação acadêmica, para nós entrarmos para valer no mercado de trabalho, precisamos mostrar o quanto somos bons no que propomos fazer, e o quanto podemos agregar a empresa a qual queremos entrar. E isso é um trabalho árduo, porque exige dedicação, atualização, e um constante aprimoramento, mas tudo isso requer muita vontade, muita sede de aprender, é isso que eu acho importante, porque talvez seja isso que nos impulsione a continuar batalhando, sem nunca desistir, mesmo quando a situação parece estar desfavorável.

    Galera, o importante é nunca desistir. Valeu pelas dicas Marcos!!

    Abraços!

    Rodrigo Falcão.

  9. Se serve de consolo pra maioria, eu estou terminando minha graduação em redes, possuo MCSA 2003 e hoje trabalho como analista de vendas numa empresa de bebidas.
    Tudo o que eu sempre sonhei era trabalhar com redes, mas outras oportunidades surgiram, e eu optei por tentar.
    Não tenham medo de um desafio, seja ele qual for, numa grande empresa. Você pode transitar entre as áreas de uma forma absurda, só depende da sua capacidade e interesse profissional.

  10. Ressuscitando o tópico…
    Esse problema vem ocorrendo comigo, desde quando tirei o CCNA, em março desse ano. É frustrante, realmente. Até para vagas de estágio está complicado…
    Estou fazendo faculdade (Tecnólogo em redes de computadores), tenho CCNA, ITIL e não tenho fluência, porém consigo desenvolver uma conversa em inglês. Estou estudando pro Cobit e pro CCNP…
    É desanimador, porém, ainda não desisti!!!

    Abraços

  11. lincoln, não desanima não cara!

    Continue estudando que as coisas logo logo se ajeitarão!!!

    Abraços e boa sorte,
    Ferrugem!!!

    “Juntos somos ainda melhores!!!”

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