IPv6 – Afinal, que bicho é esse???

Enquanto o “piloto” dos cursos e-learning (que será sobre IPv6) não fica pronto, resolvi publicar um artigo que escrevi em 2003, publicado na Revista PCWorld. Ele dá uma geral sobre o IPv6 sem entrar em detalhes muito técnicos. Mais adiante, na vídeo-aula piloto, eu cobrirei mais a fundo os pontos cobrados pelo novo exame CCNA.

Vejam se o artigo agrada ou não 😉

Segue:

As redes de computadores têm crescido muito, em tamanho e em complexidade. Há pouco mais de duas décadas, o acesso à qualquer tipo de rede de dados era restrita a um grupo de pessoas, composto por cientistas, pesquisadores, tecnólogos e militares. Hoje, redes de computadores tornaram-se parte essencial de nossa infra-estrutura. A velocidade de crescimento da Internet talvez seja um dos mais interessantes fenômenos nesta área. Dentre os fatores que contribuíram para tal crescimento, destaca-se o protocolo de comunicação arquitetado por Robert E. Kahn e sua equipe, o Internet Protocol ou, simplesmente, “IP”.

O protocolo IP funciona de modo análogo ao sistema postal. Ele permite o endereçamento e o envio de um pacote, não estabelecendo, porém, uma ligação direta entre o remetente e o destinatário. Para que essa ligação seja estabelecida, o protocolo IP deve agir em conjunto com um protocolo de camada superior, como o TCP (Transmission Control Protocol). Daí o termo TCP/IP.

A atual versão do protocolo IP (versão 4) tem sido extremamente bem-sucedida. A sua utilização possibilitou à Internet lidar com redes de dados heterogêneas, com o constante avanço tecnológico dos equipamentos, e com a alta escalabilidade.

Se o protocolo IP atual funciona tão bem, por que, então, mudar? No início, uma das principais motivações para a mudança foi a limitação existente no esquema de endereçamento da versão atual. Quando o protocolo foi definido, existiam pouquíssimas redes de computadores em operação. Os engenheiros responsáveis optaram, então, pela disponibilização de 32 bits para endereçamento, suficientes para se criar 16 milhões de redes, suportando, no total, 4 bilhões de máquinas conectadas. Suficiente para a época, insuficiente para os tempos atuais, quando a Rede praticamente dobra de tamanho a cada ano. Motivações secundárias vieram do aumento crescente da complexidade e dos requerimentos das novas aplicações e serviços utilizados pela Rede. Aplicações que trabalham com áudio e vídeo, por exemplo, precisam que seus dados sejam transmitidos em intervalos regulares, do contrário, há perda na qualidade do serviço o que, muitas vezes, é inaceitável para aplicações dessa natureza. Para manter esses dados fluindo pela Rede com harmonia e constância, o protocolo IP precisaria evitar a constante mudança de rotas, inerente à redes baseadas na comutação de pacotes (como são as redes IP) e definir prioridades para o tráfego de pacotes com dados críticos – como áudio e vídeo.

A nova versão, conhecida como IPv6 ou IPng (Next Generation), surge como uma resposta à essas deficiências. O IPv6 disponibiliza 128 bits para endereçamento (ao invés dos apenas 32 da versão antiga), suficientes para se obter 1.564 endereços distintos por m2 do planeta Terra. Esta capacidade expandida de endereçamento é, até certo ponto, compatível com o atual padrão, o que deverá suavizar o processo de transição. Dentre as principais melhorias trazidas pela nova versão, podemos destacar as seguintes:

  • Extensão das capacidades de endereçamento e roteamento de pacotes
  • Suporte à autenticação e privacidade
  • Suporte à auto-configuração
  • Suporte à seleção de rota
  • Suporte para tráfego com Qualidade de Serviço (QoS) garantida

Conclusão

O IPv6, apesar de incorporar algumas funcionalidades do IPv4, é um protocolo totalmente novo, desenvolvido e arquitetado tendo como foco uma verdadeira rede mundial e a capacidade inerente de crescimento da mesma, tanto em tamanho como em complexidade. Hoje, o foco da nova versão, ao contrário do que se pensa, não é apenas a capacidade virtualmente ilimitada de endereços, mas sim um gerenciamento eficiente dos mesmos, a incorporação da Qualidade de Serviço garantida (QoS) e a disponibilização de ferramentas de segurança para a camada de rede. O verdadeiro impacto dessa nova versão deverá ser sentido apenas nos próximos 3 ou 4 anos. Uma infra-estrutura experimental baseada na nova versão (apelidada de “6bone”) já vem sendo desenvolvida há algum tempo. O Brasil vem participando deste projeto através da RNP (Rede Nacional de Pesquisa) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Abs!

Marco Filippetti

8 comentários

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  1. Muito bom! serial possivel você publicar alguma coisa sobre VPN em roteadores cisco.

    Abraços.

  2. Muito bacana Marco!

    Abraços!

  3. Muito bom Marco!!!
    Fico no aguardo do e-learning para maiores conhecimentos!!!
    Abraços e mais uma vez parabéns!!!

  4. Gostei, muito bom mesmo!
    Abraços!

  5. Ótimo artigo, que me fez pensar em algo. Se o IP comum de 32 bits tinha aquele número absurdo e impensado na época de suporte as redes, e agora o IPv6 vem de encontro para sustentar a dificuldade com o crescimento estrondoso das redes levando tais números que já eram absurdos, ao quase infinito, e isso em algumas decadas, imagina só o futuro.. O que é o futuro das redes afinal?, Já li artigos por aí que querem colocar IP até nos eletrodmesnticos convencionais.. A expansão das redes é absurda, e acredito que o futuro esta aí, na nossa frente. ^^

    Abraços.

  6. Marco, muito bom.
    Tenho lido sobre IPv6 e no livro da Silvia Hagen(não sei se conhece) ela comenta que já existe um protótipo de um veículo da Renault com os mecanismos todos controlados por IP.
    A tendência é que tudo seja controlado via IP, desde os próprios dispositivos de redes aos eletrodomésticos em nossas residências.

    Ah, esse link é legal pra visualizar a distribuição de usuários de internet no Mundo. http://www.internetworldstats.com/stats.htm

    Abraço e desculpe a ausência no fórum, é que minha vida tem sido muiiiiiiiiito corrida.

    Abração,

    Roberto Mendonça

  7. Belo Post, o artigo está escrito de uma maneira simples e eficiente.

  8. Excelente introdução, bem simples e clara, obrigado Marco.

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