O que significa – de fato – Cloud Computing?

cloud_computing.pngAchei que valia a pena escrever algo sobre o tema, ainda que não seja um assunto no qual eu me considere um especialista. O fato é que “Cloud” e “Cloud Computing” (ou “computação nas nuvens”, tradução que eu acho medonha) é o termo da moda, já há algum tempo. Para qualquer lugar que você se vire, lá está uma nuvem. Eu compararia ao modismo da “convergência digital”, que assolou blogs, revistas especializadas e o mercado de T.I. nos anos 2000. O termo é usado inadvertidamente por profissionais, empresas e até leigos.

Mas afinal, o que é esta bendita nuvem? É – de fato – algo novo?

Vamos começar pelo começo… eu diria que não tem nada de novo no conceito de cloud computing. Basicamente, estamos falando em transferir as aplicações e sistemas de um local físico e conhecido (como seu PC ou um servidor), para a rede – a “nuvem” – uuuuuuuuuu! Super novo, não? Tão inovador este conceito que há mais de 30 anos, o fundador da Sun Microsystems – Scott McNealy – já havia criado o slogan da Sun, que diz “O computador é a rede”. E também não é novidade o conceito de termos acesso à aplicações e sistemas em ambientes distribuídos (ou centralizados). O jurássico mainframe, da IBM, já adotava esta premissa um uma época em que as redes ainda engatinhavam.

Bom, e o que muda de 30 anos para cá, então? Além do novo termo criado ( 😉 ), muda que as redes explodiram em termos de capacidade disponível. Novas tecnologias surgiram, novos protocolos foram desenvolvidos e novas aplicações foram escritas para tirar proveito de tudo isso. Ou seja, o conceito segue o mesmo, mas a infra… quanta diferença! Hoje, dada toda esta tecnologia disponível, é viável usarmos um disco virtual na Internet – talvez fisicamente instalado na China ou algum outro país do outro lado do mundo – e termos a sensação que ele está fisicamente próximo, como se fosse um HD externo conectado ao nosso PC. Magia negra? Bruxaria? Não, tecnologia. As redes de hoje não são mais como as redes de 10 anos atrás. Estão muito mais rápidas e eficientes, e isso tende a evoluir cada vez mais.

O computador é a rede. Nós somos a rede. Tudo é rede.

Entenderam agora a nossa importância – a dos engenheiros de redes – neste mundo? Sem a rede, não temos nada. Seus arquivos ficam inacessíveis, economias sucumbem, civilizações caem,  e… bom, acho que vocês já entenderam, não?

Brincadeiras à parte, nosso papel na sociedade moderna esta cada vez mais importante. Olhem-se hoje no espelho hoje e digam para si mesmos: Eu ajudei a construir esta nuvem, ela é minha também 😉

E quando alguém falar em computação nas nuvens sem ter a menor idéia do que está falando, não fique bravo.

Dê um sorriso e pense: Nesta nuvem, eu sou São Pedro, e eu faço chover até em IPv6!

Durmam com essa 🙂

Abraço

Marco.

PS: Dica de leitura: http://veja.abril.com.br/120809/computacao-sem-fronteiras-p-062.shtml

7 comentários

Pular para o formulário de comentário

  1. Boa Marco.

    Deixa eu “apimentar” um pouco a discussão…

    Quando a gente estuda a história da computação, a gente percebe que ele é cíclica… tudo tende a caminhar para algo que já existiu (felizmente de maneira melhorada). Por exemplo, a computação centralizada através de terminais burros acessando os grande mainframes foi atacada pela academia na época porque a centralização era perigosa como ponto crítico de falha. Então surgiu um novo modelo de comunicação, a computação não-hierárquica, em que os recursos de computação eram distribuídos. Pois bem, depois disso, a comunidade acadêmica passou a atacar esse modelo dizendo que a falta de centralização era ruim do ponto de vista administrativo e então surgiu o modelo cliente-servidor em que as redes eram organizadas hierarquicamente através da presença de algumas máquinas principais (como acontece até hoje). Daí a academia não satisfeita começou a atacar esse modelo dizendo novamente que a centralização era ruim e então surgiu a concepção de computação distribuída P2P (que não deixa de ser uma rede não hierárquica). Pois bem, ainda assim a academia não satisfeita começou a apontar falhas para esse modelo e então surgiu o DATA-CENTER (que é o núcleo da Computação em Nuvem de hoje).

    A computação baseada em DATA-CENTER nada mais é do que a computação centralizada da época dos grandes mainframes da IBM, com uma diferença CRUCIAL: O ambiente físico (prédio) é centralizado, mas os recursos computacionais lá dentro são totalmente DISTRIBUÍDOS.

    Moral dessa conversa: A academia nunca etará satisfeita e isso é fantástico porque cada vez mais os modelos serão aperfeiçoados.

    Continuando o ciclo, atualmente as grandes provedoras de conteúdo possuem não apenas um DATA-CENTER, mas vários centros de teleprocessamento que são espalhados no planeta para contornar o ponto único de falha (agora o PRÉDIO). Percebem como a computação é cíclica? Isso é ótimo porque a cada novo ciclo temos um modelo APERFEIÇOADO! Essa é a idéia… É assim que as coisas têm que ser e é assim que vai continuar sendo…

    “Cloud Computing” é uma concepção abstrata para representar conectividade ao “desconhecido”. Esse foi um termo lançado pela Google e pegou porque o pessoal da administração incorporou esse modelo aos conceitos de negócios (IaaS, PaaS, SaaS), já que atualmente TI é SERVIÇO. E para o pessoal de negócios essa concepção é fantástica porque a nuvem realmente representa o desconhecido para eles que sequer têm necessidade de entender a técnica por trás da concepção.

    O apelo de negócios foi fundamental para o sucesso desse nome… No começo da década de noventa a IBM tentou lançar na comunidade esse mesmo conceito abstrato sob a denominação “Grid Computing” para representar o acesso a recursos computacionais (processamento, armazenamento, etc…), mas esse termo acabou ficando fechado ao ambiente acadêmico e por isso não disseminou – não teve um forte apelo de negócios.

    Quando a gente olha pelo lado da engenharia, “Cloud Computing” deixa de ser uma concepção abstrata e passa a ser um núcleo físico real com diversos computadores clusterizados e se comunicando com o mundo através das mais modernas tecnologias de redes, ou seja, o Data-Center.

    Eu costumo dizer o seguinte para tentar simplificar as coisas:
    Computação em Nuvem está para NEGÓCIOS, assim como Data-Center está para Engenharia de Rede

    Entender as tecnologias é muito mais do que OPERAR, temos que ter esse olhar macro para exergarmos as tendências na computação… Eu sempre tento estimular esse tipo de discussão com os meus alunos porque isso tem tudo a ver com entender os fundamentos por trás das diversas tecnologias.

    Abraço.

  2. Aliás Marco, deixa eu aproveitar e te cumprimentar pela fala abaixo:
    “Nesta nuvem, eu sou São Pedro, eu faço chover até em IPv6!”
    Demais… Esse é o espírito!!! 🙂 (Chorei de rir…)
    Abraço.

  3. ehehehehe obrigado Samuel! Abração e obrigado pela contribuição valorosa!

  4. É isso aí, e a Cisco vem entrando forte nesse mercado, não somente com infraestrutura em geral, mas com toda a parte de automação e serviços, aguardem…

  5. Muito bom… parabens pelo post marco! A parte do sao pedro foi irada !!! rs

  6. Acho que não fiz chover.. mas alguns pingos eu sei que contribui…

Deixe um comentário