Como está o mercado R&S com o crescimento de Cloud? Ainda há demanda?

Recebi 2 perguntas nesta linha semana passada, no LinkedIn. Achei que valia um post sobre o tema.

DISCLAIMER: O que vou escrever aqui – vale deixar claro – é apenas minha opinião sobre o tema. Uma opinião que formei com base na minha experiência e em mera observação de mercado. Aliás, como todos os posts que são publicados neste blog. Ninguém é obrigado a concordar 🙂

 

Com o avanço das nuvens, acho que muitos começam a ter dúvidas sobre qual trilha seguir em termos profissionais. Antes de qualquer coisa, talvez valha a pena definir o termo em si: Nuvem. Afinal, que bicho é esse?

Cloud (ou nuvem), essencialmente, nada mais é do que um conjunto de máquinas interconectadas em rede. É engraçado que o termo “pegou” apenas recentemente, mas ele já era usado há décadas. Obviamente, o contexto mudou, mas o conceito é basicamente o mesmo. Quer uma prova? Pegue um livro bem antigo de redes. Nele, vocë vai ver redes Frame-Relay ou ATM representadas pelo desenho de uma – pasme! – nuvem. O termo nuvem denota uma série de elementos interconectados via rede que não sabemos ao certo onde estão ou mesmo o que são eles. E – novamente – este conceito é antigo.

Por que “pegou” apenas recentemente?

Porque as nuvens cresceram. Tornaram-se globais (graças aos avanços alcançados com novas tecnologias de transmissão e com o barateamento do processo de construção destas redes) e as máquinas nela conectadas, mais potentes. Como tudo no universo é cíclico, voltou o argumento que Software-as-a- Service (SaaS) é mais barato, eficiente e flexível (sim, esta idéia também é antiga… há muito tempo o conceito já era praticado, mas apenas agora vingou devido aos fatores colocados anteriormente). E. com a explosão do SaaS, empresas como Amazon, Microsoft, Google, SAP e HP viram a demanda por seus novos serviços de nuvem crescer vertiginosamente.

Atualmente, não apenas SaaS é oferecido como um produto da nuvem, mas EaaS – ou Everything as a Service. Pense em algo que você faz usando um computador e uma rede, e isso poderia ser feito em um ambiente oferecido por um cloud provider. Precisa de um ambiente para desenvolver games? Done. Precisa de uma infraestrutura para um sistema de telefonia? Done.

Voltando à pergunta chave: Mas e aí? Neste “novo mundo”, dedicar-se aos estudos de Routing and Switching ainda compensa? Não seria melhor focar em me tornar um DevOps? 

Acho que temos dois pontos aqui. Primeiro, você realmente sabe o que é um DevOps? DevOps é apenas um termo da moda usado para denotar desenvolvedores de software. Eles sempre estiveram aí. Apenas criaram um nome mais “cool” para eles. Então, a pergunta que você deve se fazer, na verdade, é a mesma que você deve ter se feito lá atrás, quando estava definindo o que queria ser quando crescer: Você quer ser um engenheiro de redes, ou um programador? Se a resposta for programador, DevOps é o caminho. Do contrário, minha sugestão é: Não embarque nesta.

E, aí, vão me dizer: “Ah, mas redes está em baixa!! Ninguém mais precisa de um engenheiro de redes com tudo na nuvem” – é, já ouvi isso algumas vezes, acreditem. E a resposta é simples: Cara-pálida, volte no texto e leia a definição de nuvem que eu coloquei lá em cima… quem vocês acham que projeta, constrói e presta suporte a estas nuvens? BINGO! Engenheiros de rede! Exato.

É diferente do que fazíamos no passado? Depende do escopo e do contexto. A parte de infra é basicamente a mesma: Um monte de routers e switches interconectados via TCP/IP (v4 ou v6) usando BGP, OSPF, MPLS, etc. A camada de abstração é diferente. Entram aí uma série de componentes mais recentes, como automação e orquestração – parte do conceito SDN.

Sim, para trabalhar com a camada mais abstrata, é necessário ao engenheiro de redes conhecer um pouco de lógica de programação. Saber criar um script para automatizar algumas funções ou adicionar uma camada de inteligência à rede é essencial. Mas isso não significa tornar-se um DevOps! Você não precisa virar um programador para trabalhar com SDN. O termo que usam para este profissional, hoje, seria NetOps. Esta seria a definição do “novo” engenheiro de redes. Mas, reparem… O bom e velho engenheiro de redes (mesmo sem conhecimento de programação) ainda é bastante procurado, pois são eles que atuam nos bastidores destas nuvens colossais.

Ou seja, tem lugar para todos – na minha opinião.

Então, vale mesmo a pena aprender programação? Sim, vale. Especialmente as linguagens amplamente utilizadas em automação de redes, como Python. Mas você não precisa virar um expert, ou ir para a linha DevOps – que é completamente diferente – se não tiver afinidade com o tema. O arroz com feijão já lhe garantirá um bom fôlego neste novo mundo que se apresenta.

Assim, vida longa ao R&S! E sigam estudando 🙂

Abs

Marco

 

2 comentários

  1. Marco, muito esclarecedor este Post, pois muita gente tem dúvida de como fica essa questão do profissional de R&S neste “novo mundo” das redes.
    Conhecimento nunca é demais, e sempre digo aos meus alunos de redes, que estudem ao menos lógica de programação e uma linguagem, como você citou. Eu mesmo embarquei nessa, pois vim de um mundo puramente voltado para infraestrutura, e senti esta necessidade.

    Parabéns e obrigado,

    Forte Abraço,

    Roberto Mendonça

    1. Grande Roberto, saudade de você meu amigo! Eu passei exatamente pelo mesmo… fiz um movimento de carreira que foi mais para o lado da aplicação. Trabalhando agora com F5 BigIPs, a necessidade de automação é gigantesca. Especialmente nos ambientes de Cloud. Mas é como eu escrevi, acredito… a gente corre atrás do que precisa, e no fim as coisas dão certo. Mas tem que se empenhar, claro. Agora, querer “virar DevOps” é outra coisa rsrsrs

      Abração!!!

      Marco

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